No
vácuo político, o protagonismo interesseiro ganha a cena numa velocidade incrível.
Neste contexto, ideias ditas “republicanas”, como a de uma reforma da Previdência,
cujas bases são questionáveis, ou um projeto de terceirização da mão de obra,
que mais contribui para a precarização do trabalho do que para a desburocratização
do sistema, tomam a agenda política majoritária, exigindo um grande esforço de
negociação (leia-se “cooptação política” e novos episódios de “Caixa 2”), e deixando
espaço para uma série de iniciativas de parlamentares de menor visibilidade,
mas com altíssimo grau de descompromisso e irresponsabilidade para com a res publica. São políticos cujo
envolvimento com a corrupção, desvendado pela Operação Lavajato, os lança para
um fim de carreira no curto prazo, além de acenar uma possível prisão no médio
prazo. Desesperados. Seu golpe derradeiro é negociar com interesses privados
dos mais escusos para obter recursos hoje que lhes permitam contratar bons
advogados e ainda lhes prover uma aposentadoria para curtir, quem sabe, uma
ótima prisão domiciliar no futuro. Não é mais o “Caixa 2”, que exigia pagamento
antecipado para aprovação de emendas e legislação de interesse espúrio, e,
portanto, mais fácil de rastrear vínculos. Trata-se de um esquema em que os
eventuais pagamentos serão realizados à posteriori, de forma a reduzir rastros.
Atentem-se: é o Caixa 3! Nesta esteira estão emendas à PECs e Medidas
Provisórias que reduzem unidades de conservação ambiental, flexibilizam a
exploração de áreas indígenas, beneficiam grileiros de terras, destinam áreas à
exploração privada estrangeira, alteram direitos de povos tradicionais, isentam
empreendimentos de licenciamento ambiental, dentre diversas outras mazelas. Estas
iniciativas reduzem a capacidade do estado de lidar com conflitos em temas
estratégicos, atendendo interesses escusos ao país e à sociedade brasileira. Um
verdadeiro atentado à democracia, perpetrado por canalhas envolvidos até o
pescoço em esquemas de corrupção e desvios de recursos públicos, da merenda
escolar às obras da Copa. Estes atos nos distanciam dos nossos desejos mais
basilares de um país moderno, de relações éticas e de uma sociedade mais justa,
para todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário