segunda-feira, 20 de julho de 2020

A desigualdade mora ao lado ou de como um vírus escancara o fosso social brasileiro

O advento da COVID-19 tem impactado vários países de maneiras diferentes, assim como diferentes têm sido as estratégias adotadas para lidar com a doença. Dentre posicionamentos políticos, iniciativas, estratégias, e seus resultados, duas percepções chamam a atenção em meio à pandemia: a dificuldade que governos com viés autoritário têm em lidar com a doença, e a desigualdade entre cidadãos quanto à resiliência em relação à mesma. De certa maneira, ambas influenciam, isoladamente ou de modo sinérgico, o grau com que um ou outro país tem sido afetado pela pandemia. Via de regra, a questão do autoritarismo se apresenta já nos estágios iniciais, a partir da identificação dos primeiros casos, e está diretamente associada ao menosprezo à ciência, à baixa transparência em relação aos números da doença, e ao diversionismo nas tratativas de comunicação com a sociedade. Dependendo da forma, pode inclusive induzir populações à adoção de medidas questionáveis, como o uso de um ou outro medicamento sem eficácia comprovada, ou até mesmo a uma exposição mais arriscada à doença. Já a desigualdade é trazida a lume um pouco mais adiante, quando a doença, já em franca disseminação, atinge as parcelas socialmente mais vulneráveis das populações. O caso brasileiro é um exemplo do pior tipo, tendo sido o país palco tanto dos arroubos autoritários de um clã político ideológico extremado, quanto da desigualdade alavancada nos últimos anos e que pode atingir proporções abissais com a pandemia. Embora a questão política seja por si só um chamariz à discussão, e certamente há muitos tratando disso neste momento, gostaria de me concentrar aqui no segundo ponto, a questão da desigualdade, contribuindo para elucidar alguns modos de como esta é, ou não, percebida em meio à pandemia, especialmente no que tange ao acesso da população aos equipamentos de saúde, mas também sobre outros aspectos correlatos, sem a menor pretensão de exaurir o assunto.
Este artigo foi originalmente publicado no portal Terapia Política (www.terapiapolitica.com.br) em 12/06/2020. Para continuar a leitura, acesse:

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